04. CAPÍTULO QUATRO
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04. CAPÍTULO QUATRO
JAXON SENTOU-SE confortavelmente na cadeira com Emma sentada na frente dele com as pernas cruzadas. Ele estava tendo sua sessão de terapia - algo que ele odiava completamente, mas não tinha como escapar de acordo com as regras idiotas de Alaric.
— Como você está se sentindo? — Emma perguntou ao garoto, que deu de ombros em resposta: — Bem, eu acho.
— Como você se sentiu mais cedo hoje quando viu todos aqueles corpos? — Emma questionou. — Tristeza? Raiva? Felicidade? Excitação?
— Eu senti raiva. — disse Jaxon, revirando os olhos com as últimas duas palavras dela. — Daquele filho da puta pelo que ele fez.
— Você acha que essas pessoas não mereciam isso? — Emma perguntou e Jaxon sabia muito bem o que ela estava fazendo. Ela queria ver se ele sentia algo - qualquer coisa por aqueles humanos. Era de conhecimento geral que ele desprezava completamente os humanos, crianças ou não.
— Claro que não. — ele cerrou o maxilar. — Eu não sou nenhum tipo de monstro, certo? Posso não gostar deles, mas... Não os odeio. Percebi que nem todos os humanos são ruins. Eles podem ser péssimos, mas ninguém merece isso.
— Então você não odeia humanos. — Emma notou, sorrindo. — Não tanto quanto você, de qualquer forma. Isso é bom. Agora, me diga... Como você está lidando com sua raiva e pesadelos?
— Perfeitamente bem. Tenho tudo sob controle. — ele mentiu, fazendo Emma levantar as sobrancelhas.
— Você está mentindo para mim?
— Não. — ele balançou a cabeça, colocando um olhar inocente no rosto.
Emma revirou os olhos. — Eu vi você mais cedo na academia.
— Oh.
— Sim, oh. — Emma suspirou, balançando a cabeça. — Machucar-se não é uma solução.
— Eu não estava me machucando. — defendeu Jaxon. — Eu só estava batendo no saco de pancadas.
— Sacos de pancada. E isso dói. — Emma brincou. Você quebrou oito sacos de pancada em trinta minutos. Por que você estava tão bravo? Certamente, não podem ser aqueles humanos, podem?
— Não. — ele murmurou, inclinando-se na cadeira enquanto Emma se inclinava para frente, apoiando as palmas das mãos nos joelhos.
— E então? Diga-me o que ou quem te deixou tão irritado.
— Não. — ele negou, pegando o copo de suco na sua frente antes de engolir todo o conteúdo. — Eu não vou te contar nada.
— Ok. — Emma assentiu. — Está tudo bem. Não vou te forçar. Você tem falado com alguém sobre seus... Problemas? —
Ele balançou a cabeça. — Não.
— Você tem falado com Caroline? — Emma perguntou, ao que ele assentiu.
— Falei com ela há três dias. Ela tem estado... Ocupada.
— E você contou a ela sobre o que quer que esteja te deixando bravo? — ela perguntou e foi recebida com silêncio. Ela já tinha descoberto a resposta para isso. Não. Soltando um suspiro, ela disse. — Você não pode não falar com ninguém sobre o que está passando. Só vai piorar. Fale com alguém - qualquer um com quem você se sinta próximo o suficiente para conversar. Não sei, Lizzie, talvez? Ou talvez Josie? ... Ou Hope?
— Lizzie é bipolar pra caralho. Ela vai desabafar meus problemas para outra pessoa no segundo em que ficar brava. — zombou Jaxon. — E Josie já tem o suficiente para fazer. Hope provavelmente está em depressão porque o amante acabou se revelando um sociopata pra caralho.
— Você deveria saber que guardar tudo para si não vai ajudar em nada. — Emma falou. — Eu sei que você nunca contou a ninguém sobre isso e confiou em mim, mas acho que já passou da hora de você contar a outra pessoa.
— O que você é? Louca? — Jaxon quase se levantou do assento no segundo em que Emma mencionou isso. — Eles vão olhar para mim de forma diferente - eles vão... Eles nunca mais vão olhar para mim da mesma forma.
— Então você está com medo. — Emma apontou. — Quem são eles? — Emma não recebeu resposta. — Você se importa com eles, não é? Caroline, Lizzie, Josie, Alaric - até mesmo Hope. Você nunca vai admitir, mas você se importa. Você os ama, você os considera como seus. Você está com medo de Lizzie, Josie e Hope... Você tem medo que elas te deixem, que elas te abandonem depois de saber a verdade.
— Sua hora acabou. — Jaxon se levantou. — Tenha um ótimo dia. — Jaxon ficou quieto e não disse nada enquanto caminhava em direção à porta.
Quando ele estava prestes a abri-la, Emma falou. — Você poderia, por favor, mandar Hope entrar? Obrigada. — assentindo, Jaxon abriu a porta e saiu.
Ele foi em direção ao quarto de Hope e bateu na porta, esperando que ela abrisse. Hope abriu a porta, os olhos franzindo ao ver Jaxon parado ali. — Sim?
— Emma está chamando por você. — ele respondeu, notando as lágrimas secas em suas bochechas. — Você estava chorando?
— O que? Não. — ela zombou como se a pergunta fosse absurda. — Eu não estava chorando...
— Você tem lágrimas secas nas bochechas. — ele brincou, apontando para as bochechas dela para provar seu ponto.
A mão de Hope voou até o rosto. — É só água.
— Eu pareço idiota? — Jaxon revirou os olhos, entrando no quarto dela. — Quer saber? Esqueça Emma.
— O quê? — Hope franziu as sobrancelhas em confusão quando Jaxon ficou ali e olhou para ela com um sorriso nos lábios. — Vamos foder.
Hope engasgou com a própria saliva, arregalando os olhos com as palavras dele antes de começar a tossir enquanto ele ria. — Eu estava brincando. — ele agarrou o pulso dela e saiu pela porta, puxando-a com ele. — Vou te levar para algum lugar.
— Onde?
Ele lhe lançou um sorriso: — Você verá.
———
Jaxon tinha a mão enrolada no pulso de Hope enquanto a conduzia pelo corredor. Hope não disse nada e permitiu que o garoto a arrastasse por aí.
— Você viu Hope? — ao ouvir a voz familiar de Emma, os dois pararam no meio do caminho e Jaxon rapidamente puxou Hope para um canto para evitar que Emma os visse.
Ele gesticulou para que ela ficasse quieta, ela estava encostada na parede e ele estava se elevando sobre ela, seu rosto a uma polegada do dela. Sua respiração engatou com a proximidade e seu batimento cardíaco acelerou, mas Jaxon estava muito ocupado escondendo-os para notar como a proximidade deles a afetava.
— Não, eu não a vi. — a voz familiar de Dorian respondeu: — Por quê?
— Mandei Jaxon dizer a ela que estou esperando por ela... — Emma fez uma pausa. — Para sua sessão, mas ela ainda não chegou e já se passaram quase quinze minutos.
— Talvez Jax não tenha contado a ela. — Dorian deu de ombros. — Você verificou o quarto dela?
— Sim. — Emma assentiu. — Mas ela não está lá e Jaxon também não está no quarto dele.
— Eles... Saíram furtivamente? — Dorian levantou as sobrancelhas. — É hora de aula... Vamos checar as aulas deles ou com os amigos deles. — assentindo, Emma e Dorian se afastaram enquanto Jaxon espiava para verificar se eles estavam fora de vista. Hope ficou ali, incapaz de respirar enquanto olhava para o rosto dele.
— Ok, estamos bem. — Jaxon disse, dando alguns passos para trás, para longe dela. Hope saiu do seu torpor, assentindo e ignorando o calor que se espalhou por todo o seu corpo quando ele, novamente, agarrou seu pulso. — Vamos lá. Precisamos passar por essas portas sem que ninguém nos veja.
— Okay. — ela sorriu, gostando da ideia de sair escondida pela primeira vez. Com sucesso, eles saíram pela porta sem que ninguém os notasse.
Ele a levou até onde estacionou o carro. Jaxon tinha seu próprio carro, que era uma Lamborghini preta. Hope nunca tinha estado lá antes, pois ele nunca permitiu que ninguém entrasse - ele raramente o usava. Destrancando o carro, ele gesticulou para que ela entrasse, o que ela fez, e então ele deslizou para o banco do motorista.
— Para onde estamos indo? — ela perguntou, afivelando o cinto de segurança.
Ele não se incomodou em responder enquanto ligava o carro, ignorando o som que ele fez antes de passar pelos portões da escola. — Para algum lugar legal. — ele respondeu. — Você precisa de uma pausa - assim como eu. Foda-se o dia de aula, pelo menos uma vez.
— Nós vamos ter problemas. — Hope riu, a felicidade transpareceu em seu tom. — Emma e Dorian vão informar Alaric sobre nosso misterioso desaparecimento.
— Quem se importa? — Jaxon acelerou o carro fazendo Hope rir.
— Eu nunca estive aqui. Por que eu nunca estive aqui?
— Porque eu nunca deixei ninguém entrar. — Jaxon respondeu, girando o volante rapidamente. — Você vai me dizer por que estava chorando?
— Landon. — Hope suspirou, seu humor piorando novamente. — Eu... Eu não achei que ele mentiria, sabe? Eu achei que ele era normal - o mesmo cara que eu conheci... As pessoas mudam. Ele é um babaca e eu vou matá-lo na primeira chance que eu tiver.
— Você fez magia negra ontem à noite. — Jaxon declarou. — Eu senti uma onda poderosa de energia. Você estava com Josie, não estava?
— Eu precisava descobrir onde ele estava. — defendeu Hope. — Se não tivesse feito isso, nunca teríamos descoberto sobre o ônibus e as outras coisas.
— Magia negra é perigosa. — Jaxon lembrou, diminuindo a velocidade conforme se aproximava do lugar onde queria estar. — Ela pode te causar sérios problemas.
— Eu sei. — Hope olhou pela janela, notando que eles estavam entrando em algum tipo de floresta abandonada. — Que lugar é esse?
— Meu lugar favorito de todos os tempos. — respondeu Jaxon. — Você vai adorar isso.
— Você me trouxe aqui para me matar? — Hope perguntou, brincando, fazendo Jaxon revirar os olhos. — Por que eu desperdiçaria gasolina e tudo isso só para te matar? Use seu cérebro - deixa pra lá, eu esqueci que você não tem isso.
— Rude. — ela murmurou.
Jaxon não disse nada enquanto parava o carro. — Precisamos continuar o resto a pé.
— Okay. — assentindo, ela saiu do carro e caminhou em direção a ele enquanto os dois começaram a andar para o caminho que Jaxon estava liderando. Os ouvidos de Hope finalmente captaram o som da água caindo e um sorriso surgiu em seu rosto quando o lugar finalmente apareceu.
— Que lugar é este? — Hope perguntou, olhando para o lugar com admiração e espanto.
— Eu costumava vir aqui com minha mãe. — respondeu Jaxon. — E quando me sinto uma merda, sabe?
— A água é segura? — ela perguntou, olhando para a água limpa abaixo dela enquanto estava em pé em uma pedra, segurando a mão de Jaxon com força para que ela não escorregasse e caísse. — O que é isso? Tem algum tipo de criatura espreitando aí?
— Eu não sei, por que você não verifica? — ele perguntou fazendo-a olhar para ele com as sobrancelhas erguidas.
— Você está louco? Eu não vou... — ela foi interrompida quando ele facilmente a levantou do chão e a jogou na água. Hope engasgou, respirando pesadamente enquanto ela ressurgia enquanto ele estava lá e ria. — Viu? Nenhuma criatura.
— Foda-se! — Hope gemeu. — Eu não trouxe nenhuma roupa comigo.
— Está tudo bem. Não vou olhar para você. — ele brincou e quando recebeu um olhar dela, ele esclareceu. — Relaxa, eu tenho roupas no meu carro. E você é uma bruxa. Você não pode se secar? De qualquer forma, eu vou pular.
Hope não disse nada e observou enquanto ele tirava a camisa. Ela não lhe deu tempo de tirar as calças quando ela murmurou um feitiço baixinho, fazendo-o cair na água com um respingo também.
— Não poderia ficar mais um segundo sem mim? — ele provocou, enxugando a água do rosto com a mão antes de afastar os fios de cabelo que caíam sobre seu rosto.
— Qualquer coisa que te ajude a dormir. — Hope revirou os olhos e Jaxon disse: — Eu não durmo.
— Sobre isso. — ela começou, olhando para ele enquanto brincava com a água. — É físico ou mental?
— Você quer brincar de terapeuta agora? — ele levantou as sobrancelhas, fazendo-a balançar a cabeça. — Não, eu só estava curiosa.
— Mentalmente. — ele respondeu, olhando para o rosto dela, para as gotas de água que estavam escorrendo, para a única gota em seu lábio inferior. — E-eu tenho pesadelos que me impedem de dormir.
— Oh. — ela lançou-lhe um olhar. — Sobre o que são? Sua mãe? — ela apenas assentiu uma vez em resposta, mas não disse nada enquanto ela continuava. — Você poderia tomar pílulas para dormir. Elas ajudam.
— Eu não, eles não ajudam. Você os toma? — ele estreitou os olhos para ela.
Hope balançou a cabeça em resposta. — Raramente. Eu não tenho pesadelos o tempo todo.
— Vamos, tem alguma coisa atrás daquela cachoeira. — ele apontou para a cachoeira no meio. — Siga-me. Temos que nadar até lá - tome cuidado, a água é meio funda
— Okay. — ela disse e começou a nadar em direção à cachoeira, seguindo Jaxon. Fiel às suas palavras, a água realmente era funda. No entanto, eles conseguiram chegar à cachoeira e ela o seguiu.
— Viu? — ele apontou para a pequena área de areia que estava a apenas alguns centímetros de distância deles. — É como uma espécie de caverna. — o lugar estava coberto de pedras, não havia luz, mas estava iluminado por alguma fonte desconhecida de luz.
— Eu amo esse lugar. — Hope suspirou, agarrando a mão que Jaxon estendeu para ela para que ele pudesse puxá-la para cima, pois ele já estava lá. Eles ficaram na areia e olharam para a água abaixo deles. — Belo esconderijo. — ela disse, sorrindo. — Ninguém nunca te encontraria se você viesse se esconder aqui.
— Bem, exceto você, claro. — ele disse, fazendo-a acenar com a cabeça. — Exceto eu. Sério que eu sou a única que você trouxe aqui?
— Sim, bem, exceto minha mãe. — ele sentou-se na areia, levantando os joelhos antes de colocar os braços sobre eles e entrelaçar as mãos. — Seria legal se você não mostrasse esse lugar para ninguém.
— Não vou. — ela sentou-se ao lado dele. — Posso te perguntar uma coisa? — ele cantarolou em resposta e ela perguntou. — Por que você me trouxe aqui?
— Eu nunca vi você chorar antes. — ele deixou escapar. — Eu não conseguia te ver desse jeito. Eu não sei o que deu em mim. — ela sorriu antes de abaixar a cabeça no ombro dele. Ele não se moveu ou disse nada - ele apenas a deixou em paz.
— Obrigada. — ela disse depois de alguns minutos de silêncio. — Isso... Isso significa muito para mim. Ninguém nunca me animou antes - bem, desde depois... Você sabe.
— A qualquer hora. — ele murmurou, sem saber se gostava do que estava sentindo naquele momento ou não. Mas ele sabia como elas eram chamadas - malditas borboletas.
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